Saturday, November 17, 2012

O assento

A característica mais distintiva de uma reclinada é, tal como o nome indica, o facto de irmos reclinados. Verdadeiramente sentados. Deixamos de "montar" a bicicleta, deixa de ser igual a um cavalo, uma mota ou uma bicicleta "normal"; passamos a conduzir ou a pilotar. Algo assim. E uma característica distintiva tão vincada tem sempre que ter uma materialização, que no caso das reclinadas é o assento. O assento é o corpo e a alma de uma reclinada, é onde nasce a idéia da reclinada, é onde nasce o conceito e o projecto. E uma reclinada pode (por vezes tem que) fazer concessões a diferentes níveis, mas nunca no assento. O assento é o elemento que permite as duas principais vantagens das reclinadas: o conforto e a menor resistência aerodinâmica. É também um dos elementos que suporta mais esforços mecânicos, pelas razões óbvias. Convém que seja leve, mas ainda assim será sempre mais pesado do que a grande maioria dos selins; tem que ser muito robusto, e estar apoiado em pelo menos dois pontos diferentes, devido à carga que suporta. Além disso, almofadado ou não, rígido ou em tela (como as cadeiras dobráveis de campismo) terá forçosamente que ser confortável.

Relativamente ao conforto, e assumindo frontalmente que sou faccioso, depois de experimentarmos uma reclinada, os standards mudam. Já não consigo associar a palavra "conforto" nem aos inúmeros selins nem aos quinhentos mil tipos de capas de gel disponíveis no mercado. O paradoxo é simples: não podemos falar de conforto relativamente às nossas bicicletas quando somos obrigados a usar calções almofadados para suportar o óbvio desconforto. E isto não é nada contra as BTTs: sempre que vou à descoberta, levo a minha.

Voltando aos assentos e às reclinadas: numa reclinada o assento tem que suportar o peso todo do corpo. Quanto mais deitada for, melhor é a distribuição do peso mas mais difícil o equilíbrio, pelo que se torna indispensável encontrar uma solução de compromisso que variará de pessoa para pessoa - para mim este ponto situa-se entre os 40 e os 45º com a horizontal. Com base neste ângulo fiz o seguinte "molde":



Este molde permite-me fazer apenas uma curva, mas é o suficiente; a parte superior, que molda a curvatura da parte superior das costas pode ser feita facilmente recorrendo a "enchimento" (normalmente reforço as perpendiculares de madeira para dar a curvatura que quero, é a maneira mais simples e funcional de o fazer). O primeiro assento que fiz era um verdadeiro compósito: duas placas de contraplacado de 5mm com uma camada de fibra de vidro e resina epóxy no meio; além disso forrei ambas as faces com duas camadas de fibra de vidro e fibra de carbono. Se por um lado "aguenta tudo", acabou por ser mais pesado do que na realidade seria necessário. Por essa mesma razão decidi desta vez usar três camadas de contrapladado de 3mm coladas entre si com cola de madeira (para a superfície de colagem é mais do que suficiente e muito mais barata do que a resina). Uma vantagem adicional de utilizar placas mais finas é que não necessitei de fazer cortes no contraplacado para conseguir dobrar a curva em 40º - o contraplacado de 5mm exige cortes, o que implica que a colagem das placas entre si terá forçosamente que ser feita com resina, dado que a cola branca não faz  "enchimento". O resultado final acabou assim (não consegui tirar fotos da moldagem):




Esta última foto dá uma idéia de como ficou a versão "em bruto". Usando o outro assento como molde, marquei a forma e fiz os cortes da madeira em excesso. De seguida, usando o perfil do assento, cortei três peças a partir de uma placa de contraplacado de 12mm:




Prendi as três peças com dois parafusos de 8mm e lixei-as para ficarem exactamente iguais e o mais próximas possível do contorno do assento. De seguida colei-as entre si com araldite, e usando igualmente araldite, colei e aparafusei esta peça ao assento. O resultado final está ainda com este aspecto:



A razão pela qual usei araldite (que é na realidade uma resina epóxy) para além da óbvia necessidade de resistência e rigidez em anbas estas ligações, a necessidade de preencher fissuras (estou a fazer colagem de peças na perpendicular do fio da madeira).
O próximo passo será adicionar uma camada de fibra a cada um dos lados do assento e um ou dois reforços adicionais na zona da "quilha", fazer a furação e os apois para fixação na bicicleta.

Wednesday, November 14, 2012

De volta à construção

Já tenho o molde de volta, e um segundo assento na calha. Com três camadas de contraplacado de 3mm em vez das duas de 5mm que utilizei no actual e reforço traseiro em duas placas de contraplacado de 12mm (o actual não tem). Já já já deixo aqui algumas fotos do progresso da coisa...

Sunday, November 04, 2012

Bachetta Clone, dia 1

Até hoje tinham sido apenas umas voltinhas pela vizinhança, para ver como era, hoje é que teve o baptismo. Umas voltinhas de aquecimento, subi até ao castelo e segui em direcção ao Espichel. Nada por aí além, portanto. Tenho a musculatura das pernas a queixar-se um pouco mais do que seria o costume, o que é perfeitamente natural. Ainda não tenho os músculos certos a responder como deviam (nem os outros)...
Começando pelo mais fácil: a descer é fantástica. Em terreno plano é fantástica. Com mau piso, como qualquer reclinada, torna-se algo trepidante - não há a possibilidade de levantar o rabo do selim... Ainda assim vou trocar aquele pneu traseiro por um mais maneirinho, apesar de o Michelin ser fabuloso na absorção das irregularidades - em boa verdade, aquele pneu é "A" suspensão traseira. O amortecedor dianteiro, pese embora a falta de pedigree, cumpre com distinção nestas situações. Mas voltando o capítulo da performance, confirmei as minhas suspeitas: é muito previsível e equilibrada. Bom balanço, boa distribuição de peso f/t, resposta "nervosa" em baixas velocidades, bom equilíbrio. Enfrenta as subidas com razoável à-vontade, o limite é mesmo a capacidade do motor - esta foi uma sensação quase constante, irei sempre atingir o meu limite antes de chegar ao limite da bicicleta, pelo menos nos tempos mais próximos. A escolha da pedaleira foi a correcta: não sei se um prato de 24 dentes seria muito útil neste conjunto, mas os 53 do prato grande fazem um trabalho absolutamente fantástico. Em terreno plano ajudam a manter uma cadência razoável para uma velocidade um pouco mais elevada (não tenho termo de comparação para além do "parece-me que", mas na realidade tive a sensação de que conseguia ir  perceptivelmente mais depressa do que na minha btt na grande maioria do percurso, seguramente que sim em todas as descidas, por suaves que fossem, quase de certeza que sim em terreno plano.
Depois de ter apertado o travão traseiro ao limite do aceitável, acabou por ficar a funcionar bastante melhor, e sinceramente, não senti para já a necessidade de mais poder de travagem do que o que tenho - em combinado com o travão dianteiro são em princípio suficientemente potentes para uma travagem mais enérgica.
No global, parece-me ser de longe a melhor reclinada que já construí. Simples, bastante "limpa" de formas, comparativamente mais leve do que as restantes (consegue mesmo ser mais leve do que a última que tinha construído, de tracção dianteira) - o suficiente para conseguir um desempenho honesto em subida, muito equilibrada, fácil de "pilotar" e bastante agradável. 
As reacções vão desde a incredulidade até ao comentário bem disposto, na realidade ninguém fica indiferente a esta bicicleta "esquisita". Pode ser que pegue a moda.

Thursday, November 01, 2012

Bachetta clone

Desde há uns anos que me tenho dedicado à construção de modelos experimentais de veículos de propulsão humana, de algum modo em busca de um paradigma que seja a um tempo prático, funcional e com um grau de performance aceitável.  No que concerne aos veículos terrestres, por uma ou outra razão, a maioria dos protótipos falharam num ou noutro ponto - alguns em toda a linha - razão pela qual tenho voltado sempre à carga. Em alguns casos por falhas de conceptuais, noutros por inadequação do projecto à matéria-prima disponível. Ao contrário do que possa parecer, a concepção de um veículo de propulsão humana é muito complicada, e se no caso de um barco temos a vantagem de podermos de alguma forma distribuir a carga mais ou menos equitativamente por toda a estrutura, no caso de uma bicicleta ou de um triciclo isso já não acontece. Há pontos que são forçosamente sujeitos a mais esforços, e a tentativa de distribuição de carga esbarra frequentemente com detalhes não negligenciáveis como o conforto ou a manobrabilidade.
Uma das constatações do óbvio que assimilei ao longo deste tempo é que, no que concerne a propulsão humana, o principal factor a ter em conta é a eficiência. O "motor" humano é muito fraco, logo um dos objectivos deverá passar por ter um sistema com o mínimo possível de perdas, sejam estas de que ordem forem. Um outro factor que contribui decisivamente para a eficiência do conjunto é o conforto, ou melhor, o desconforto: quanto mais desconfortável a utilização de uma ferramenta, menor o tempo que se demora a atingir um estado de fadiga ou de dor insuportáveis.
Resumindo uma longa história: a posição reclinada favorece a eficiência aerodinâmica do conjunto; o percurso quase linear da corrente (no sentido do esforço) contribui para a eficiência mecânica, tal como a rigidez do quadro. A simplicidade da forma contribui para um peso final (relativamente) reduzido, a utilização de um assento amplo proporciona uma boa distribuição do peso e a inclinação confortável quer relativamente à pedaleira quer em termos absolutos contribuem positivamente no respectivo capítulo, bem assim como a utilização de um garfo com suspensão. Uma nota relativamente à altura da pedaleira: não é tão esquisito como parece à primeira. É, na realidade, bastante confortável.
Seguem as fotos (quase tudo é canibalizado/reutilizado, a começar pelo assento, a seu tempo terei que rever estes items):

O aspecto global da bixinha. O a distância entre eixos é pouco superior à da minha BTT, idem para o comprimento total, o assento está aproximadamente à altura da roda (mais ou menos como nesta outra) e o eixo da pedaleira um pouco acima (mais tarde deixarei as medidas relevantes). A distribuição do peso é bastante equilibrada, e a geometria do conjunto deverá permitir travagens "a fundo" sem qualquer problema;

Um detalhe da corrente: no sentido do esforço, o direccionamento com roletes; no sentido contrário, a utilização do tubo de mangueira. Nesta foto é visível a utilização de um garfo rígido em substituição do tradicional triângulo traseiro (garfo canibalizado à minha primeira BTT). Apesar do comportamento muito positivo, creio que ainda terei que fazer um reforço nesta zona, just in case (triangulação);

(Uma das) pedaleiras do costume: 30/43/53. Pareceu-me mais indicada do que uma 24/33/43, apesar de esta bicicleta se ter revelado muito manobrável e fácil de equilibrar em baixas velocidades, não creio que consiga ir ao ponto de justificar a utilização de uma pedaleira com uma relação tão baixa;

Um detalhe adicional de qualidade: o travão traseiro acabou por ser nesta fase um travão de BMX (abranda mal, mas não trava); a razão para isto é simples, ao ter que modificar o garfo para aceitar um eixo de 13,5 cms (as rodas dianteiras têm 10 cms) os suportes dos V-brake acabaram por ficar tão afastados entre si que se tornam inúteis. Vou ter que engendrar algo (bastante) melhor, mas para já, em testes, terá que servir.

Nestas coisas não há como dar os créditos a quem os tem: mais uma vez o design não é meu - andei durante algum tempo a estudar a Bachetta Strada, que acaba por ser a seu modo a principal fonte de inspiração para esta bicicleta. Utilizei pela primeira vez um sistema que permite variar a distância da pedaleira ao assento em grande parte porque queria testar diferentes inclinações do assento, o que acabou por não ser necessário (pelo menos para já).

Conclusões: com meia-dúzia de voltas pela vizinhança é um pouco cedo para algo mais definitivo do que apenas algumas impressões. É globalmente muito confortável, muito manobrável - eu diria que é mesmo um nada "nervosa", muito rígida, transmite uma sensação de resposta muito rápida e dá a sensação de conseguir (querer?) andar bastante depressa. É previsível e transmite uma sensação global de segurança.

Uma nota final: em tempos já tinha "derretido" uma bicicleta de hipermercado, com a qual fiz algo semelhante, com a excepção do essencial: pesava como uma bigorna, a geometria da direcção estava toda errada, o caminho da corrente era paralelo ao da suspensão traseira (sofria de perdas mecânicas absurdas), etc etc etc. Ainda assim, de todas as bicicletas que construí, foi a mais fácil, uma das mais confortáveis e paradoxalmente, uma das que melhor "trepava".

Uma outra nota relativamente à última bicicleta que construí (antes desta): Trata-se comprovadamente de um design bastante eficiente do ponto de vista mecânico, muito devido ao facto de conseguir utilizar uma corrente curta (e segundo os experts por conseguir mimetizar a utilização dos grupos musculares do tronco contra o guiador, tal como acontece nas bicicletas ditas "normais"), mas tem alguns pequenos contras um nada limitativos: a curva de aprendizagem dificílima (continuo a dizer, foi a única bicicleta com que fui ao tapete nos últimos anos) e a coordenação entre a pedaleira e a direcção, bem, ainda não domino a coisa, e por último, o facto de ser muito baixa, pese embora a enorme vantagem aerodinâmica, deixa sempre uma ligeira sensação de desconforto perante outros veículos (automóveis, nomeadamente). Mecânicamente tem um defeito apenas: o desviador da corrente naquela roda 20" fica demasiado próximo do solo para o meu gosto. Foram acima de tudo estas as razões que me levaram a tentar esta abordagem.

Wednesday, October 10, 2012

Espichel

E a nova "burra" cá de casa. Tem um motor eléctrico, é digamos que assim completamente diferente de tudo incluindo de qualquer coisa de que estivesse à espera... Mas falarei disto num outro post, para já apenas queria deixar aqui algumas fotos do Cabo Espichel:






Sunday, September 23, 2012

É uma reclinada!

Dadas as peculiaridades da bichinha, tenho-me remetido prudentemente a espaços amplos e desafogados por oposição às estradas concorridas cá da zona. O que implica de vez em quando ir para aqueles sítios onde as pessoas costumam ir passear os cãezinhos... Foi exactamente isso que aconteceu há umas horas atrás, quando partilhei o meu espaço com uma jovem cidadã reformada e a sua cadelita dálmata, que fazia tudo ao contrário do que lhe era ordenado. E como seria de esperar, tinha aquela predilecção por bicicletas que por vezes nos traz encontros imediatos com o asfalto... Bem, para o caso, foi o pretexto para a senhora vir ter comigo a saber o que era isto onde eu estava. "é uma bicicleta reclinada", disse-lhe, ao que ela me respondeu que nunca tinha visto nenhuma assim. "Pois, em Portugal há poucas, é normal que nunca tenha visto nenhuma". "Ah, mas não é deficiente!" - "Não, não sou..." - "Ah, eu estava ali a olhar e a pensar coitado, tão novo e já deficiente" - "Não, é uma bicicleta normal, não é para deficientes... " 
"Pois pois"...

E aqui ficam as fotos à chegada a casa, o descanso é o próprio pedal, é assim mesmo... Simples, não é? Cada vez gosto mais desta bixinha. E a confiança vem aos poucos com a prática. Espero em breve sair para a estrada.



Friday, August 24, 2012

FWD MBB

Mais um palavrão - dois, no caso.  Front Wheel Drive, Moving Bottom Bracket... Em Português seria algo como Tracção Dianteira e Apoio de Pedaleira Móvel. Algo assim.
Já me tinha prometido a mim mesmo uma coisinha destas (http://covadaonca.blogspot.pt/2012/06/e-para-desmoer.html). e... aqui está.

Antes de mais, e para não dar aqui ares de andar a evangelizar seja o que for, tenho que dizer que a única vez que fui ao tapete nestes últimos anos foi hoje, e foi nesta coisinha. Nem a compridona com um guiador do tamanho do Titanic foi tão difícil de acostumar. 

Agora voltando ao que interessa: depois de ler inúmeros artigos, comentários e entradas em fóruns maioritáriamente em língua Francesa - por alguma razão que me escapa os anglo-saxónicos parecem ser um nada mais conservadores com esta abordagem - fiquei curioso o suficiente para tentar, nem que fosse para perceber que não funcionaria nunca. Pesando os pontos contra - a perda de tracção em situações limite e a curva de aprendizagem, tendencialmente longa, e a dificuldade em controlar a bicicleta também, que também é amplamente discutida nos fóruns, com os pontos a favor - simplicidade, rigidez estrutural, design compacto, e a performance, claro, decidi-me mesmo a avançar com uma abordagem razoavelmente conservadora e dentro dos recursos disponíveis.

Uma dos grandes desafios deste design consiste em minimizar a interferência na direcção pela força exercida na pedalada, tal e qual como nos triciclos em que a maioria de nós deu as primeiras pedaladas - salvaguardem-se as devidas diferenças. Outras questões que vi levantadas prendiam-se com a dificuldade de pedalar em curva e pela pressão adicional exercida nos joelhos, tema que aparentemente preocupa muita gente nos fóruns... 
Relativamente ao primeiro problema, geometria. Manter o eixo da pedaleira aproximadamente ao nível do assento, o eixo da direcção tão perto quanto possível da linha dos quadris e com uma inclinação de cerca de 55º são as linhas-guia mais conservadoras para este tipo de design, e também as que têm obtido melhores resultados. Esta geometria garante também a menor interferência possível do eixo da direcção com as pernas em curva.

Posso garantir desde já que a aprendizagem não é nem linear nem pacífica ou sequer desprovida de riscos; com efeito o cérebro tem que ser reeducado para utilizar a anca (e não os joelhos, como tenho visto incorrectamente referido nos fóruns) como parte integrante da direcção. Um facto deveras interessante que notei foi a maior necessidade de utilizar as pernas como elemento de equilíbrio do que em qualquer outra reclinada em que tenha andado. Mas para já (e com muito poucas horas de prática) nada que me indique qualquer esforço adicional ao nível dos joelhos, apenas da anca.

O quadro principal foi feito a partir do tubo do quadro de um triciclo, ao qual soldei um garfo de btt (1"1/8) e que triangulei com dois tubos de aço de secção circular (20x1mm). A caixa da direcção foi soldada a cerca de 55º e apesar do peso do assento - que também serve como peça de reforço estrutural, dado que está aparafusado em três sítios diferentes, todo o conjunto (mesmo com a roda montada e pneu cheio) se revela extremamente leve, ao contrário da metade dianteira, que tem os dois desviadores, a cassette, a pedaleira e a corrente, para além do tubo de reforço da direcção. O guiador é de uma bicicleta de cidade, bastante largo por sinal. A roda dianteira foi canibalizada de uma Da-Hon, e dado que o diâmetro de uma roda 26" é 1,3 vezes superior ao de uma roda 20", utilizei uma pedaleira 30-42-53 que mantém uma razão idêntica com uma de 24-33-43 - ou seja, em teoria esta bicicleta deveria conseguir acompanhar com qualquer btt no asfalto, dado que o que perde em diâmetro de roda ganha na pedaleira.
A parte dianteira é comparativamente mais pesada do que a traseira, e o trail de cerca de 8 cms não ajuda nada a manter aquela roda a direito com a bicicleta parada. Ainda assim consegui equilibrá-la contra o lancil do passeio, o que não consigo de todo com a minha btt, que deve andar mais ou menos pelo mesmo peso. Com a excepção do travão traseiro, todos os outros elementos estão na metade dianteira da bicicleta, o que ajuda (e de que maneira) a 
manter a cablagem relativamente curta. Utilizei parte do triângulo traseiro de uma btt antiga (ainda em aço), mas tive que encurtar a distância entre a pedaleira e o eixo da roda
A almofada do assento e o apoio da cabeça estão temporários, mais tarde arranjarei algo mais ao nível do resto.

Para já, e da curtíssima experiência que tenho: tenho que praticar (muito) mais. A segunda coisa prende-se com a performance: é estranho utilizar a anca para curvar, mas não deixo de ter a sensação de que é absolutamente natural. A terceira, ainda no campo da performance: é seguramente, de todas as reclinadas que já fiz e que já experimentei, a que tem menos perdas na transmissão, quer devido ao facto de ter uma corrente muito curta quer devido à rigidez do triângulo dianteiro. A questão (amplamente debatida nos fóruns) de permitir utilizar todo o tronco e braços no esforço da pedalada - conseguindo assim aumentar o torque  e a potência da pedalada, com fortes implicações na capacidade de "trepar" parece-me um nada empolada (claro está, sempre numa óptica comparativa com a performance conseguida numa bicicleta de estrada); creio eu, numa análise muito primária e fundamentada em muito poucas horas de aprendizagem que a utilização peculiar que se faz da anca neste tipo de bicicleta terá bastante mais influência a este nível, sendo que o incremento conseguido com a minimização das perdas na transmissão não é de todo de desprezar, bem pelo contrário.

Ficam algumas fotos tiradas há pouco. Vou ter que insistir bastante mais na prática antes de me aventurar para mais longe da porta de casa.





  



Thursday, June 28, 2012

Espichel

Ontem, assim um bocadinho antes do jogo de Portugal... 




Tuesday, June 26, 2012

Pedaladas de fim de semana

E foi desta, depois de partir, há que arranjar. Soldei a peça que se tinha partido, e reforcei-a muito bem, just in case. Escusado será dizer que ficou bastante melhor do que estava "em nova". Este processo levou-me algum tempo, porque tive que fazer o alinhamento com a correspondente da outra roda, para garantir que ficavam com ângulos iguais - nestas coisas ter dois maus é típicamente melhor do que ter um mau e um bom... Depois de tudo reforçado (verifiquei todos os pontos críticos da estrutura) montei novamente todos os componentes, e vai de testar. Tudo cinco estrelas (e meia), com ligeiras excepções. Por exemplo, a compensação de Ackerman tem um balanço ligeiramente diferente à direita e à esquerda, que apenas se torna perceptível quando se aperta a direcção ao limite, e por uma razão simples, é que os veios da direcção não são simétricos, dado que o esquerdo aperta cerca de 1 cm acima do direito. 
O desviador dianteiro também estava bastante pesado (desde sempre), fazer o shifting naquilo era o mesmo que levantar um piano de cauda só com um dedo... Assim como assim, fosse qual fosse a afinação, a coisa não melhorava. Lembrei-me então de trocar a pedaleira 24-33-43 (herdada do Btt) por uma 30-43-53 de estrada (tinha deixado a corrente com folga suficiente para essa alteração)... et voilà, não é que funcionou muitíssimo bem? Fantástico. Mesmo com um desviador originalmente concebido para uma pedaleira mais pequena, o que me diz que a Shimano sabe bem o que anda a fazer... Ficou bastante mais "leve" e está muito preciso. Nada a acrescentar, a não ser o facto de que... aqueles seis dentes a mais na cremalheira mais pequena fazem alguma diferença. E os dez na maior, nem se fala. Na realidade não consegui passar dos trinta e oito, trinta e nove kmts/h, não cheguei aos quarenta, garantidamente, mas já lá irei mais adiante. Antes disso ainda queria referir um detalhe mecânico deveras interessante do qual só me apercebi nesta voltinha que dei com o triciclo. 


Não tenho nenhuma foto a partir da qual consiga explicar isto melhor do que nesta: a inclinação do eixo da direcção em cada uma das rodas (kingpin) é tal que aponta para fora do ponto onde o pneu assenta no chão (não tanto quanto aparenta na foto, mas não deixa de ser visível). Típicamente este eixo deverá apontar para o ponto de apoio do pneu no chão para garantir um comportamento tão neutro quanto possível relativamente às irregularidades do piso e em travagens violentas. Neste caso "esqueci-me" de tirar cinco graus ao ângulo final, e acabei com esta geometria. Com que resultados?


Neste preciso campo, apenas tenho um termo de comparação, que é a primeira trike que fiz, que era completamente diferente desta a todos os níveis, o que é fraco como referência. Talvez por ter uma largura de vias monstruosa (cerca de 1 metro), apesar de ter o kingpin correctamente dimensionado, tendia à viragem quando travava apenas com um dos travões dianteiros. Esta é bastante mais estreita (cerca de trinta centímetros), mas creio que é a geometria do kingpin que a mantém a direito exactamente nas mesmas circunstâncias. Perante irregularidades no piso não é neutra, na realidade faz uma espécie de realimentação negativa, tentando de algum modo manter o percurso numa linha recta.




Não sei se por esta mesma razão, mas em velocidade (leia-se "a uns trintas e picos kmts/h") sinto a direcção muito leve, talvez até mesmo demasiado leve, demasiado rápida a responder e a dar uma sensação de alguma instabilidade. E aqui entra um outro factor, do qual me apercebi por acaso quando estava a afinar os desviadores: levantei a roda traseira e comecei a pedalar, e apercebi-me (pela primeira vez na vida) que sou um autêntico cepo nos pedais. Passo a explicar: com a trike parada é muito mais fácil perceber quanto da energia da pedalada é transferido para movimentos que não têm nada a ver com pedalar. Assim no limite, já a umas boas rpms, parecia mais uma daquelas máquinas de lavar roupa antigas (que ganhavam vida própria quando faziam a centrifugação) do que um meio de locomoção... 
Resumindo, creio que tenho duas características potencialmente incompatíveis: uma direcção sensível e um estilo de pedalada de bronco. Haverá que melhorar na pedalada.


Voltando à viagem: decidi por razões meramente académicas seguir pelo caminho das pedras - todos os trilhos de que me lembrei, portanto, para ter uma idéia de até onde poderia ir - isto com pneus relativamente estreitos, 1,25" e com um piso suave, mais adequado ao asfalto. Curiosamente, foram muito poucas as situações tive que "dar uma mãozinha" à tracção dianteira para sair de apertos; é certo que a viagem por montes e vales foi lenta, mas a verdade é que... foi.  Fora de estrada teve um comportamento surpreendentemente positivo - na realidade estava à espera de me atolar na primeira areia do caminho e de ter que carregar o lastro à mão. Mas não foi nada disso que aconteceu, pelo contrário. Saiu-se muitíssimo bem, dadas as expectativas... Quem estiver a imaginar a comparação com uma btt, esqueça; não há como uma bicicleta para sair de estrada para pisos mais complicados com uma velocidade aceitável. É que aqui não há como usar as pernas como amortecedor, e tudo tem que ser negociado. Acaba por ser mais uma questão de estratégia... Mas dado que em situações limite se podem utilizar as mãos para ter tracção às três rodas, a desvantagem do maior numero de dentes nas pedaleiras acaba por não ser tão óbvia (até porque a repartição de peso não permite subidas com pendentes muito acentuadas); por outro lado, a estabilidade inerente a esta plataforma acaba por funcionar a favor na grande maioria das circunstâncias - e aqui uma nota negativa: o assento desta trike é "plano", i.e., não tem qualquer apoio dorsal, lombar ou lateral. Quando o piso é inclinado ou muito inclinado, a tendência é... escorregar para o lado. Nada a fazer, a não ser trocar por um banco com mais apoio lateral.
De qualquer modo, e apesar de ter superado as minhas expectativas, necessitará sempre de um jogo de pneus mais adequados para pisos de cascalho, gravilha e areia... globalmente tudo o que não seja asfalto. Aqui a coisa muda completamente de figura. Tal como sempre referi, a posição reclinada implica a utilização de grupos musculares diferentes, ainda não acostumados (no meu caso) a grandes esforços (nem os outros, quanto mais estes...). Ainda assim, e pesem embora algumas dores de um assento não almofadado, consegui velocidades bastante interessantes em alguns pontos do percurso, apesar do vento muito forte que se fazia sentir. Não consegui de todo utilizar a pedaleira grande sem uma perda notória de velocidade, pelo que me mantive nos 43 dentes na maioria do tempo, o que não deixa de ser revelador do mau estado do "motor". A hipersensibilidade da direcção aliada à minha pedalada pitecantrópica não ajudou nada à festa. 


A sensação com que fiquei foi a de uma trike com um comportamento globalmente honesto, sem ser extraordinário em nenhuma das características; um conjunto bastante equilibrado e ainda a necessitar de algumas melhorias mas com bastante potencial. Diria que com algumas semanas de prática conseguirei melhorar substancialmente o desempenho... Vamos lá ver até onde.


Consegui fazer o troço final do caminho na cola de um estradista que me ultrapassou, porque tinha mesmo que ver até que ponto conseguia ir... E consegui... acompanhar, que era o meu objectivo.










Uma nota final: Sorrisos, muitos sorrisos e alguns comentários engraçados, chegaram mesmo a parar o carro para me perguntarem se era uma bicicleta alentejana - "o Zé aqui também é de lá" - sendo que o Zé era o pendura, e crianças a acenarem das janelas dos carros. E condutores mais curiosos, tolerantes, pacientes e civilizados a darem-me bastante mais espaço nas ultrapassagens do que quando vou de bicicleta.













Wednesday, June 06, 2012

E por onde é que eu parti? Por aqui.


O ponto mais sub-dimensionado de toda a estrutura. Em detalhe...

Uma visão global do desastre...

Esta foi mesmo para mostrar o "novo" guiador, mais curto, e o antigo veio de direcção recuperado para testes, testes esses que compovaram que uma boa idéia nem sempre é uma solução. É que qualquer ângulo conta na geometria da direcção, e falarei disto mais tarde...

E para desmoer...

Assim a jeito de interlúdio, aqui vai uma coisinha que tem mesmo a minha cara. Em fibra de carbono, não será seguramente a mais barata do mundo, pelo contrário... De um fabricante Francês, a Zockra, e de seu nome Kouign Amann, imagine-se lá porquê. Se tiverem curiosidade em saber mais, o ideal é ir directamente à fonte.
Trata-se de um bicharoco completamente fora-de-série por muitas razões. Se o universo das reclinadas já é diminuto, reclinadas com tracção dianteira são uma verdadeira raridade, e tirando a Zockra, a Cruzbike e a Airbike não estou recordado de mais nenhuma marca que actualmente aposte nesta solução. Há uma comunidade inventiva que apostou num design ainda mais radical a que chamaram "Python", dado que é uma solução que implica à cabeça um trail negativo - o que se poderia considerar de todo impossível, mas que na realidade funciona muito bem, com algumas limitações, é certo. Mas voltando a esta Kouign Amann, poderão aferir pelas fotos que se trata de uma criação artística - acima de tudo é uma bicicleta lindíssima, que também anda muito bem, pelo menos a julgar pelos dois ou três vídeos que apanhei no youtube. Só mesmo para desmoer e para ir sonhando... 










Tuesday, June 05, 2012

Trike II - adenda para a desgraça

E pronto, tinha que ser. Partiu-se.
Nada de especial, efectivamente, foi mesmo no sítio onde sempre imaginei que seria. Cheirava-me a sub-dimensionado para a carga que iria sofrer, apenas isso, e confirmou-se. O facto de a ter sujeitado a alguns esforços inusitados também não foi alheio à coisa... E como sempre, o material tem razão.
Nada que não se resolva, corrija e melhore, bem pelo contrário. Creio que há muito por onde progredir, e o facto de ter quebrado por onde era suposto quebrar, deixa-me sobejamente satisfeito. 
Vou mantendo o blog actualizado na medida do possível.

Monday, June 04, 2012

Trike II

No seguimento dos experimentos com a compridona dos posts anteriores que tiveram uma taxa de sucesso de cerca de 90%, decidi-me a voltar às três rodas. Porque sim, porque já o queria fazer, porque quero pelo menos tentar testar um velomobile, e uma trike é a plataforma ideal para isso, e porque a compridona pesava (sem gorduras) vinte e sete quilinhos bem medidos... Com uns alforges a meia carga, passava para os trintas e muitos quilos, o que convenhamos, é o peso de um velomobile completamente carenado, mas só com duas rodas. Os 10% dos testes que falhavam eram sempre as subidas - o que convenhamos, não é de todo agradável. Como não tenho espaço de sobra para arrumar material tão volumoso em arquivo morto, acabei por ter que fazer o que posso qualificar de "upgrade destrutivo" - aproveitei partes e peças da compridona para fazer esta trike. Doeu-me a alma, não o posso negar; em tudo o mais era absolutamente fantástica, mas o peso inviabilizava todas as outras qualidades. Uma bigorna de ouro não deixa de ser uma bigorna. E o resultado foi isto: uma tadpole, com duas rodas 20" à frente e uma 26" atrás - a escolha desta roda traseira não foi meramente estética; para poder reutilizar a traseira da compridona e para não ter que esticar a pedaleira aos 53 dentes sem ganhos de velocidade, impunha-se a utilização de uma roda 26"- uma 700C é demasiado frágil para suportar as forças laterais de uma coisinha destas em curva e uma 20" com uma pedaleira 30-43-53 mais limitada do que uma BTT.

Relativamente à minha primeira incursão neste terreno (o das trikes), que também foi com uma tadpole, evitei cometer os erros anteriores, mas dado que estas coisas das bicicletas começam por ser boas idéias, passam a manual de boas intenções e acabam numa lista de concessões, ainda não sei exactamente em que pontos está melhor e em que pontos está pior. Dado que a geometria ainda não está a 100%, não consegui testar o comportamento em curva nas situações mais críticas (ao ponto de conseguir levantar uma das rodas dianteiras, ou quase); em quase tudo o resto está razoávelmente melhor do que a antecessora.

Tentei evoluir nos seguintes items, com os prós e contras indicados:
Direcção: Substituí as pegas laterais (apoiadas nos eixos das rodas) por uma coluna de direcção central. Implica um ligeiro aumento no peso e um incremento substancial na complexidade do conjunto (até porque a coluna da direcção tem que permitir uma variação da inclinação, para permitir a entrada e a saída) mas tem os segintes benefícios: permite isolar completamente os compartimentos das rodas caso queira fazer o "upgrade" para um velomobile, e no "modo trike" permite incursões fora de estrada sem fustigar tanto as mãos e os braços com o matagal;
Direcção: o veio de direcção passou a ser constituido por duas partes em vez de ser um veio contínuo, graças à utilização da coluna de direcção, o que tem vantagens mecânicas ao nível dos ângulos máximos permitidos pelas rótulas e possibilita uma afinação mais consistente;

O sistema de direcção foi inspirado no de alguns velomobiles (o Mango e o Quest), que de si já era idênctico ao da Windcheetah  (uma coluna central com uma junta universal). Neste caso não é exactamente uma junta universal, como se pode aferir da foto abaixo, é apenas uma dobradiça que permite variar a inclinação do guiador, e sem a qual o processo de entrada e saída seria virtualmente impossível...

Um dos pontos mecânicamente mais complexos da estrutura: o apoio da coluna do guiador, que faz também a ligação para o veio da direcção. Duas rótulas de 10mm em plástico (igus) e duas de 8mm metálicas (SKF) fizeram muito bem o trabalho;

Uma perspectiva lateral do eixo da direcção, composto por quatro rótulas de 10mm plásticas, com eixo central numa rosca de 10mm. Em princípio duas por roda teriam feito o trabalho, mas dada a carga neste ponto (muitas forças torcionais em curva e em travagem) decidi não arriscar e reforçar a resistência ao máximo. Antes isso do que ficar parado por ser forreta...

Travões: substutuí os travões em ferradura por cantilever (V-Brake), com um ganho apreciável no poder de travagem. Coloquei-os de molde a serem o mais eficientes possível em termos de travagem, o que lamentavelmente os coloca na pior posição possível em termos de acessibilidade; no campo da sujidade também não saem nada beneficiados, mas pronto, trata-se também aqui de uma concessão.

Depois desta foto fiz algumas alterações ao guiador (encurtei-o alguns cms), tornando-o bastante mais prático em curva. Do lado direito tenho dois manípulos de travão, o da roda da frente do mesmo lado e o da roda de trás, ambos bastante perceptíveis nesta foto.

Atrás igualmente um cantilever. A força de travagem nunca é tão intensa nesta roda, ainda assim por uma questão de simplicidade e eficiência decidi manter este travão. Fica um pouco mais "leve", até ver ainda não consegui bloquear a roda e é assim que vai ficar.

Alguns detalhes interessantes nesta foto: os roletes passa-corrente, projectados de modo a que a mesma tivesse um trajecto tão linear quanto possível (independentemente da violencia dos testes, a corrente não saltou uma única vez dos roletes); a tradicional mangueira amarela no retorno da corrente e na parte dianteira (para proteger a perna direita) - ainda pensei em proteger a corrente toda, mas iria ter um acréscimo de atrito injustificável. Os veios de direcção estão propositadamente colocados tão acima do eixo quanto possível, só para o caso de me decidir a uma ou outra saída leve fora do asfalto...

Um detalhe do rolete traseiro, e a seguir, do dianteiro, colocado mesmo à medida para permitir uma pedaleira de 53 dentes, caso se justifique um dia...

E um detalhe dos parafusos de afinação da direcção.

O cabo do desviador dianteiro não está a 100%, mas vai ter que continuar a servir. O tubo que o suporta está algo inclinado, mas foi necessário para que o desviador tivesse a inclinação correcta para a passagem da corrente sob o "T" do chassis.


Nestas três fotos a lateral com a coluna da direcção com diferentes inclinações. Um ponto a realçar é o facto de ter deslocado tão para a frente quanto possível o eixo dianteiro, mantendo a distância entre vias a menor possível. Na minha primeira trike tinha o eixo quase imediatamente à frente do assento, com uma largura de cerca de um metro. Resultava numa performance miserável em termos de tracção - neste caso consegui um pouco mais de 1/3 do peso na roda traseira, sendo o restante distribuído pelo eixo dianteiro (dizem os experts que o ideal é 1/3 em cada roda).

Um outro detalhe que tenho que referir é a inclusão de tiras para os pedais - a opção por clips era estúpidamente cara nesta fase, pelo que segui a hipótese menos onerosa e que me permite manter os pés agarrados aos pedais sem grande esforço.

A coluna da direcão na posição de entrada/saída. O facto de ter chegado o eixo dianteiro para a frente não ajuda nada esta operação, mas esta é uma das desvantagens destas trikes. Optei por fazer o mínimo de concessões sempre que a geometria estivesse em causa. Na óptica da redução de peso prescindi da suspensão. Creio que não me irei arrepender da decisão, dado que pretendo almofadar o assento - sai menos pesado do que um sistema de suspensão;


Uma vista um pouco mais detalhada da área frontal. As rótulas da direcção suportadas em parafusos M10 fazem um excelente trabalho, mesmo em situações um nada mais violentas - subidas e descidas de passeios, por exemplo; a estrutura tem alguma flexibilidade, o que ainda não se revelou nem bom nem mau, ainda tenho que perceber com uma utilização mais continuada. O peso "fica-se" pelos vinte e três quilos (mesmo com o acréscimo da terceira roda, consegue ser mais leve do que a LWB).

Vou tentar deixar nos próximos dias um post mais técnico, com mais detalhes dos processos de construção e medidas finais.