Sunday, January 12, 2014

Estudo sobre um sidecar

Seguem as primeiras e únicas, à data, imagens de um projecto de sidecar que pretendo construir para atracar ao clone da XStream que estou a construir.

Antes de avançar para as fotos, vou explanar algumas das questões com que me fui deparando ao longo destes últimos meses (e fica aqui o link para um site em que tudo isto está bastante bem explicado), isto porque a adaptação de um sidecar a uma bicicleta é substancialmente diferente da adaptação de um sidecar a um motociclo. A diferença mais importante: o peso. Tudo, no mundo das bicicletas, tende para "o mais leve possível", o que é significativamente mais leve do que o mesmo no mundo dos veículos de duas rodas motorizados. Além disso, há um conjunto de regras básicas que temos que ter em conta quando projectamos um sidecar para uma bicicleta: tem que ser leve, não pode limitar os movimentos das pernas nem dos pedais, o eixo da roda do sidecar tem que (deve) estar no prolongamento do eixo da roda traseira da bicicleta,  o sidecar deverá ser sempre colocado do lado direito da bicicleta (o lado da berma) e tem que ser pesado o suficiente para garantir que não "viramos o boneco" na primeira curva à direita. Ou não, se o sidecar for acoplado com um sistema de dobradiça que permita a inclinação natural da bicicleta em curva... E é exactamente isso que pretendo fazer. Seguem as fotos do que já está feito - o desenho é uma adaptação um nada tosca do do sidecar da Ural:


Tive um ligeiro contratempo com uma dobragem que pretendia fazer, nada que não se corrija com o tempo, araldite e alguns parafusos.


Ensaio com uma roda 26". Apesar de parecer ter um tamanho algo excessivo, terá um rolamento bastante mais suave em pisos irregulares, e portanto menos intrusivo na dinâmica do conjunto.


Ensaio com uma roda 20". Creio que vou colocar esta opção de lado, agora que tenho a bicicleta num esquema de dual 26", não faz grande sentido ter uma medida de pneu diferente no sidecar. Uma medida de pneu equivale a apenas um pneu sobressalente e uma câmara de ar.


Ainda não estou seguro de não necessitar de um chassis em aço; a construção para já está a ser feita com contraplacado de 10mm nas laterais, no fundo, no falso separador central e na rectaguarda; para todas as outras superfícies em que seja necessário fazer dobragens, contraplacado de 3mm será o ideal (dobrado é muitíssimo resistente). O apoio da roda (bem assim como as ligações às rótulas já fixadas no quadro da bicicleta) deverá ser feito com contraplacado de 12 mm (ou com um laminado de 4 camadas de contraplacado entremeado com fibra de vidro) e aparafusado (M6) em perfis de alumínio em "L", que fixarão à lateral caixa - daí a utilização de contraplacado de 10mm nas laterais.
Isto pode ainda vir a sofrer alterações profundas, caso comprove que a utilização de painéis compósitos de contraplacado de 3mm com espuma de poliuretano é suficientemente resistente para substituir os painéis de contraplacado de 10 mm.


Rans XStream Clone - um garfo "novo"

Depois de alguma experimentação e resultados positivos com o garfo, decidi retornar à configuração 26-26, tal como a original que serviu de modelo a este clone. Mantive todas as restantes alterações, nomeadamente no triângulo traseiro, apenas alterei a geometria do garfo de modo a aumentar o rake, diminuindo o trail e conseguindo assim uma menor altura da caixa de direcção ao solo - na realidade está apenas um pouco mais de um centímetro acima do que conseguia com a roda 20". O resultado é o das fotos. A resposta da direcção em baixas velocidades saiu muito melhorada, muito mais em linha com as descrições dos utilizadores das XStream.


Detalhe do garfo alterado, de modo a ter um rake mais acentuado. O trail ficou com cerca de 2" - a medida anterior era de cerca de 7". A alteração do garfo foi relativamente simples: dois cortes com a rebarbadora, um a 5 e o outro a 10 cm do apoio da roda, duas dobras simples e solda. Ficou assim. E realmente é uma diferença fenomenal na estabilidade a baixa velocidade: consigo fazer meia-volta na largura da rua com alguma facilidade, o que antes era quase um inferno. Esta alteração permite baixar a altura da caixa da direcção, o que me permitiu manter a fixação do assento tal e qual como está, sem quaisquer alterações adicionais. 


Detalhe do alinhamento (absolutamente fundamental) da roda dianteira. Todo o processo correu muito bem, e foi bastante mais simples do que pensava.


O mais urgente para já é conseguir arranjar dois cabos de tandem, um para o desviador traseiro e outro para o travão. Até lá mantêm-se estes, apesar de não contribuirem para a imagem do conjunto, funcionam. Menos mau.