É um espectáculo.
Após umas dezenas largas de quilómetros creio que posso fazer um ponto de situação razoávelmente realista. Até porque já outras pessoas experimentaram, e as opiniões são mais ou menos coincidentes.
A posição recumbent é comparativamente muito mais confortável do que a das bicicletas standard. Não deixa de ser um pouco intimidatória no início, mas dado que a inclinação do assento não é assim tão pronunciada, não passa disso. Ao contrário do que li em alguns fóruns, não tive até agora problemas de maior com o equilíbrio em baixas velocidades - até porque não atingi nenhuma velocidade "elevada" - devo ter andado no limite a uns 35-40 Kmts/h, mas como não tenho o conta-quilómetros montado, não passa de uma estimativa. O período de adaptação à nova posição é bastante rápido, sendo o arranque e as paragens as partes mais difíceis, como seria de esperar...
Relativamente ao desempenho, (ainda) nada de especial. Qualquer subida é sempre muito mais complicada (e lenta) do que com uma BTT normal, principalmente devido a dois factores: o peso e a posição de condução... os músculos ainda estão em fase de habituação, que aparentemente demorará umas boas semanas. Em terreno plano e em descidas pouco inclinadas (<=5%), a conversa é outra: vai mesmo ter que levar um prato com 53 dentes à frente, porque está sempre a pedir mais... Em descidas com uma inclinação mais acentuada deverá ser ainda mais performante. O óbice aqui são os travões, apesar de serem uns V bem afinados, não sinto que tenham a capacidade de aguentar uma travagem mais dura acima dos 50 Kmts/h... talvez esteja errado, primeiro há-que experimentar.
Dado que a corrente tem a tendência para saltar em pisos menos regulares, terei que acrescentar passa-correntes em pontos estratégicos. A cablagem dos travões também terá que ser melhorada, e ainda estou a ponderar sériamente a alteração da direcção para um sistema USS (under seat steering), em que o guiador está debaixo do assento.
Importante mesmo é continuar a pedalar para dar alguma estamina ao motor. A opinião mais ou menos consensual é que as recumbent são, por uma série de razões - a mais forte das quais o facto de o ciclista não usar o próprio peso para a pedalada - piores em subida do que as demais bicicletas. Há contudo pessoas que afirmam exactamente o oposto, que a posição recumbent permite a aplicação de mais força na pedalada, porque em vez de o ciclista ficar "limitado" ao seu próprio peso, fica limitado à foça máxima que consegue aplicar em cada perna tendo o tronco apoiado contra os quadris. Dado que cada um defende a sua posição de um modo razoávelmente inflexível, e nunca tendo encontrado dados comparativos relevantes, vou ter mesmo que me sujeitar a ser a cobaia da minha própria curiosidade... mas subjectivamente parece-me que efectivamente consigo aplicar mais força aos pedais na posição recumbent. Haverá seguramente mais qualquer coisa.
No global a impressão com que fiquei, independentemente dos poucos quilómetros que percorri, é que se trata de um desenho muito eficiente (a idéia não é minha, há centenas de coisas destas pelo mundo fora!!!!). Poderá não ter uma velocidade de ponta muito elevada, mas seguramente que o factor conforto permitirá viagens mais longas com menor desgaste... e a posição mais aerodinâmica permitirá seguramente um menor dispendio de energia. Falta a variável "comportamento em subida".
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